O morto!
Na rua estreita e tranquila,
Onde os salgueiros e seus ramos,
Desenham rendas no chão!
Com eles colaborando, o sol de outono,
E as estranhas manhãs ensolaradas.
Do nada, um solitário caminha,
Vai até o boteco da esquina e pede um café.
Toma devagar, pensa na noite mal dormida,
Pensa na vida, a cabeça a mil.
Homem que caminhou pelos caminhos do mundo,
Teve mais que por um segundo, sucesso,
dinheiro!
Viveu o tempo inteiro sem tempo pra nada!
Meu camarada, mais um café! Pede em voz rouca.
Só café?
Pergunta o garçom.
Sim, só café!
E pensou: A grana é pouca!
Tomou o café com a mente em silencio,
Não queria pensar agora !
Não queria se importar com o que acontecia lá
fora!
Perdera o respeito dos outros e o seu próprio!
Na vida quebrou barreiras com sua capacidade
de convencer,
Percorreu de alto a baixo o tapete vermelho,
mas tudo deu em nada!
Traição, portas fechadas, trapalhadas,
Enfim! Deu com os burros n'água.
Não tinha coragem para enfrentar as próximas
horas,
Os próximos segundos, os próximos anos!
Queria arrumar uma vítima para o sacrifício, e
se safar,
Mas não ia colar, e triste seria mais esse fato! Não ia convencer.
Eram dez horas da manhã de domingo!
Manhã de outono, sol moderado,
Um silêncio triste no bar Sinuoso, da curva do
rio,
Rua estreita e tão tranquila, que até parece brincadeira!
O solitário descansa a cabeça sobre a mesa de
madeira.
Parece agora tão frágil, tão pequeno, tão
defunto.
Tão imóvel, os pés juntos, tão frios, tão
mortos
Tão covardes, tão tolos!
Di Vieira
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