As paredes
As paredes falam de mim! Ah como falam! Sabem tanto sobre mim, Tanto ou mais que eu. Sabem quando me viro na cama sem achar o sono, Quando fujo de gente esquisita, Quando me olho no espelho e me sinto bonita Concordando eu ou não, elas falam! Falam sobretudo quando choro. Não compreendem um lamento tão bobo, Um desperdício! Um montão de emoções inúteis. Falam, mas não me estendem a mão. Paredes frias, sem alma, inertes, Paredes nuas, de concreto e pintura Se espantam com minha loucura de acordar o despertador. Mas cadê o carinho e afeto? Fica aí segurando o teto Que me serve de cobertor, Sem que eu perceba ao menos, Um sentimento acolhedor.