Black out



 Confiei segredos a pássaros que passavam à noite, 
Solidários, atentos,
Pássaros canoros, miúdos, bicudos,
Entre sons, sussurros, e olhares mudos.
Sem palavras, só sentimentos!
O açoite, o vento na cara,
A cidade não para, mas simula adormecer.
É tarde pra insistir na escuridão.
Nesse black out artificial da razão.

Sem mãos estendidas,
Sem braços que abracem,
E o amor ao próximo, tão próximo!
Tão falso, tão vendido,
Mas tão acessível, tão caridoso!
Já não há inocência!
Sabotaram a paz, a filantropia.
As cidades vazias, as casas escuras,
Espelho das ruas que ninguém se importa!

Marginais infantis, estilingues modernos,
Aspirantes ao inferno que com as próprias mãos abrem as portas,
Desordem fundada nos limites dos quintais.
Contidas em discussões contemplativas.
Afundadas entre debates literários,
Guardam cadáveres no armário do quarto
Cidade em dores de parto, sem segurança,
Casas em segredo, sem fé, sem esperança,
País que não ensinam seus filhos,
Não cuidam da minha criança,
Ante de qualquer delito,
Antes de qualquer cobrança.


Di Vieira

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