#Retirante
Olha lá o retirante,
Indo em frente,
Indo adiante,
Levando o seu chão no
peito.
A fome, e a sede,
cantada em versos,
Não são nem metade,
Não chegam nem perto,
Não enche o bucho,
Não salva o gado.
Meu Deus que pecado,
O rebanho no chão!
Nada de grandeza, luxo,
riqueza,
Só o de comer na mesa,
Um trabalho, profissão,
Pras mães não ver o seu
filho,
Malas prontas, pé na
estrada,
Fugindo da fome danada,
Pra sofrer no mundo
sozinho.
Ninguém repara que quem
permanece,
Chora de sede e saudade,
às vezes até adoece,
Pisando o chão quente,
esperando socorro,
Oxente, eu morro, e isso
não vai mudar,
Há quem finja até
querer,
Mas depois de se eleger
Deixa a gente sofrendo
aqui,
Até que o sertão vire
mar.
Di Vieira
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