Casa velha




Procuro a casa velha na encosta do morro,
Na rua sem calçada, das casas sem embolso.
Procuro um vilarejo de casas pobres
De rostos nobres, em busca de saídas justas,
De sonhos possíveis!
Procuro e quem sabe com sorte,
Encontre um pouco ao norte,
Ao lado do posto, em sentido contrário
Onde se sonha e nunca se chega.
Onde o suor do trabalho faz a vida,
Onde o sorriso farto é comida,
Onde a amizade acontece.
De mãos dadas na mesma prece,
No olhar a compaixão,
Na solidariedade a perfeita oração.
Procuro o sobrevivente do velho rio,
Da ponte de madeira quebrada,
Que atravanca o tempo, espalha o medo.
Procuro o segredo do bom dia,
Na palavra, no desejo,
No abraço e no beijo de velhos amigos
Procuro o alto-falante do carro de tubaína,
Menina brincando de bambolê pelo caminho.
Procuro em vão a placa da rua,
Olho com emoção a casa da foto,
Os rostos que se apagaram, as vozes que se calaram
O passado não volta mais!
E lá está a velha casa, 
A vila velha, o morro acabado,
A rua morta,
E um povo cansado,
Querendo paz!

Di Vieira

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