Pés de lata, asas de algodão.



Todos pensavam: 
Pequena tolinha
Coitada, coitadinha,
Sem palavra, sem ação.
Todos! Exceto eu!
Eu não!

Tinha um jeitinho tão doce,
Como um pedido de proteção,
Parecia só dizer sim,
E nem saber dizer não!
Todos pensavam assim, exceto eu!
Eu não!

Descobri assim de repente,
Um olhar bem diferente
Do que costumava ser,
Uma olhada camuflada,
Como quem não quer nada,
Teimava em aparecer!

Seu anseio contrariava?
Emperrava teimosamente,
Sem dó, 
Obstinadamente!
Anjinho com pés de lata,
Asinhas de algodão,
Todos lhe viam quase inútil,
Menos eu, eu não!


Di Vieira

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